Pela primeira vez o governo federal mede resultados econômicos das atividades da cadeia produtiva da agricultura familiar
Os agricultores familiares brasileiros estão aumentando cada vez mais a produção e a participação no Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todas as riquezas - nacional. Somente em 2003, o setor foi responsável por 10,1% do PIB, movimentando R$ 156,6 bilhões. Em 2002, a participação correspondia a 9,3%. O desempenho positivo no ano passado contribuiu com 0,9% no crescimento da economia brasileira. O levantamento mostra ainda que o PIB da agricultura familiar cresceu R$ 13,4 bilhões em 2003, o que representa 9,3% a mais que no ano anterior. O aumento é superior ao crescimento do PIB nacional (0,5%).
Os números fazem parte do levantamento do PIB da Agricultura Familiar no Brasil produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a partir de uma demanda do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O objetivo foi definir e quantificar a renda gerada pelas cadeias produtivas do segmento. É a primeira vez que o governo federal realiza uma medição dos resultados econômicos da atividade praticada exclusivamente por agricultores familiares.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, disse que os números da pesquisa servem para mostrar a importância da agricultura familiar para a economia brasileira. Rossetto afirmou ainda que a agricultura familiar assegurou ocupação para 13 milhões de trabalhadores. “Essa é uma atividade econômica e produtiva muito importante. Muitas vezes apresentam a agricultura familiar como um retrato de pobreza, de desqualificação e de incapacidade de responder ao dinamismo econômico. O que este estudo mostra definitivamente é a sua vitalidade e importância econômica real para o País”, afirmou. “Ficamos positivamente surpresos.”
Para Rossetto, o desempenho da agricultura familiar justifica as políticas públicas realizadas pelo governo federal para incentivar o setor. “Todos os estudos mostram que nossos investimentos produziram renda e asseguraram a permanência do trabalho rural, um valor importante para o País, e se traduziram em renda”, disse.
Aves, leite e suínos
No caso específico da agricultura familiar, a produção que mais cresce é a de aves, leite e de suínos. Em 2003, o PIB da agropecuária familiar cresceu 14,3% em relação a 2002. Alcançou R$ 55,6 bilhões ou 3,5% do PIB nacional no ano passado.
Segundo o coordenador da pesquisa, Joaquim Guilhoto, conhecer os números da agricultura familiar possibilita a elaboração de políticas públicas voltadas para esse público, que contribui expressivamente para o crescimento da economia. “É um instrumento para pleitear novos recursos”, afirmou o professor da Universidade de São Paulo (USP).
Guilhoto explicou que utilizou o levantamento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para definir o universo da Agricultura Familiar. Foram analisados 22 cultivos ou atividades como o arroz, aves, banana, café, cana, extração vegetal, feijão, fumo, mandioca, milho, pecuária de leite e de corte, soja e suínos.
Para analisar a participação da agricultura familiar no PIB nacional, a Fipe atualizou os dados do Censo Agropecuário de 1995 e 1996, utilizando levantamentos como a Pesquisa de Produção Agrícola Municipal (PAM), Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), Produção de Extração Vegetal e Silvicultura, Pesquisa Trimestral do Leite e de Abate de Animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: Ministério da Agricultura
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